Renda Fixa no Exterior: Quais são os tipos?
Frente à instabilidade econômica brasileira, é crucial para os investidores diversificarem suas aplicações. E para quem deseja ampliar suas opções de renda fixa, uma alternativa são os títulos de renda fixa emitidos no exterior.
Investir em renda fixa no mercado internacional tem se tornado cada vez mais acessível. Os bonds corporativos, que são títulos de renda fixa emitidos por empresas em moeda estrangeira, são negociados em mercados internacionais. Embora geralmente sejam denominados em dólares, não apenas empresas americanas podem emiti-los, mas também empresas brasileiras também estão presentes no mercado.
Esses ativos têm características predefinidas, como prazo e taxa de remuneração, e podem ser lançados por uma ampla variedade de empresas em diferentes setores. Na prática, são comparáveis às debêntures negociadas localmente.
Embora o mercado de renda fixa brasileiro seja significativo, o mercado americano é ainda maior. O estoque combinado de títulos soberanos (emitidos pelo Tesouro americano) e corporativos nos Estados Unidos atingiu US$ 32,6 trilhões (equivalente a cerca de R$ 182 trilhões), enquanto no Brasil a combinação de títulos soberanos e corporativos chegou a R$ 6,3 trilhões.
É importante destacar que todos os bonds são marcados a mercado, o que significa que é possível acompanhar diariamente na carteira de investimentos quais são os preços atuais dos títulos caso haja necessidade de venda antecipada antes do prazo de vencimento.
Veja neste artigo os principais títulos de renda fixa emitidos no exterior.
1) Títulos do governo
São títulos emitidos pelo governo de um país, geralmente com prazos de vencimento de 1 a 30 anos. Os títulos do governo são considerados os mais seguros, pois o governo tem capacidade de pagar os juros e o principal na data de vencimento.
Quais são os tipos de títulos do governo Americano?
Os títulos do governo americano são conhecidos como Treasuries e são emitidos pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Existem quatro tipos principais de Treasuries:
- T-Bills (Bills): são títulos de curto prazo com prazo de vencimento de até um ano.
- T-Notes (Notes): são títulos de médio prazo com prazo de vencimento de dois a dez anos.
- T-Bonds (Bonds): são títulos de longo prazo com prazo de vencimento de mais de dez anos.
- TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities): são títulos que oferecem proteção contra a inflação e são vinculados ao índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA.
Os Treasuries são considerados um investimento de baixo risco, pois são emitidos pelo governo dos Estados Unidos, que é considerado um credor confiável. Além disso, são considerados uma referência para a avaliação do risco de outros ativos financeiros, como títulos corporativos e municipais.
2) Títulos Corporativos
Os títulos corporativos são uma forma de investimento em renda fixa emitidos por empresas no mercado americano. São uma alternativa para as empresas que buscam levantar capital para financiar projetos e expandir seus negócios.
Os títulos corporativos são negociados no mercado de capitais dos Estados Unidos e são emitidos em dólares americanos. Esses títulos geralmente oferecem um rendimento mais elevado do que os títulos do governo, mas com um maior risco de crédito.
Os títulos corporativos são classificados pelas agências de rating, que avaliam a qualidade do crédito da empresa emissora. As empresas com uma classificação de crédito mais elevada, como a “Investment Grade” (grau de investimento), têm menos risco de default e, portanto, geralmente oferecem um rendimento menor.
Por outro lado, as empresas com uma classificação de crédito mais baixa, também conhecidas como “junk bonds” (títulos de lixo), têm um risco maior de inadimplência e, portanto, oferecem um rendimento mais elevado para compensar o maior risco.
Os títulos corporativos são geralmente emitidos com um prazo definido e uma taxa de juros fixa, mas também podem ser emitidos com taxas flutuantes. Alguns títulos corporativos também podem ter opções de resgate antecipado ou conversão em ações da empresa emissora.
Os investidores podem adquirir títulos corporativos diretamente ou através de fundos de investimento em títulos corporativos. Esses fundos são gerenciados profissionalmente e diversificam o risco de crédito ao investir em uma variedade de títulos corporativos emitidos por diferentes empresas.
Os títulos corporativos são uma opção atraente para investidores que buscam uma fonte de renda estável e previsível com um maior retorno do que os títulos do governo, embora com um risco maior. É importante realizar uma análise cuidadosa das empresas emissoras e suas classificações de crédito antes de investir em títulos corporativos.
3) Títulos de agências
Os títulos de agências são emitidos por agências governamentais dos Estados Unidos, como a Federal Home Loan Mortgage Corporation (Freddie Mac), a Federal National Mortgage Association (Fannie Mae) e a Government National Mortgage Association (Ginnie Mae). Essas agências foram criadas pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo de fornecer financiamento para atividades importantes, como a construção de moradias populares, a agricultura e o financiamento estudantil.
Os títulos de agências são considerados uma forma segura de investimento, pois são apoiados pelo governo federal dos Estados Unidos e, portanto, têm uma garantia implícita do governo. Isso significa que, se a agência não puder pagar seus títulos, o governo federal os pagará em seu lugar.
Existem vários tipos de títulos de agências, incluindo:
- Títulos garantidos por hipotecas (MBS): Esses títulos são emitidos por Freddie Mac, Fannie Mae e Ginnie Mae e são apoiados por um pool de hipotecas. Eles são negociados em vários prazos e são considerados uma das formas mais seguras de investimento em renda fixa.
- Títulos de dívida de curto prazo: Esses títulos são emitidos por agências como a Federal Farm Credit Banks Funding Corporation e são geralmente emitidos com prazos de um ano ou menos.
- Títulos de dívida de longo prazo: Esses títulos são emitidos por agências como a Tennessee Valley Authority e geralmente possuem prazos de mais de um ano.
- Títulos de dívida convertíveis: Esses títulos permitem que os investidores convertam seus títulos em ações da empresa emitente a um preço pré-determinado.
Os títulos de agências geralmente oferecem retornos mais altos do que os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, mas também têm maior risco. No entanto, a garantia implícita do governo federal faz com que os títulos de agências sejam considerados uma opção de investimento relativamente segura em comparação com outros tipos de títulos corporativos.
4) Certificados de depósito (CDs):
Certificados de Depósito (CDs) nos Estados Unidos são uma forma de investimento de renda fixa oferecida pelos bancos americanos. Funcionam de maneira semelhante aos CDBs brasileiros, mas com algumas diferenças.
Ao investir em um CD americano, o investidor está emprestando dinheiro ao banco por um período determinado, que pode variar de alguns meses a vários anos. Em troca, o banco paga uma taxa de juros fixa acordada no momento da compra do CD. A taxa de juros oferecida pelos CDs americanos pode variar bastante, dependendo do prazo do investimento e da instituição financeira emissora do CD.
Uma das principais diferenças entre os CDs brasileiros e americanos é a cobertura pelo seguro FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation). O FDIC é uma agência governamental que protege os depósitos dos investidores em caso de falência do banco emissora do CD, até um determinado limite. O limite de cobertura do FDIC é atualmente de US$ 250.000 por depositante, por banco.
Outra diferença é que os CDs americanos geralmente não permitem resgate antecipado sem penalidades. Ou seja, o dinheiro investido fica bloqueado até o prazo de vencimento acordado no momento da compra. No entanto, existem CDs com condições mais flexíveis, que permitem resgate antecipado com o pagamento de uma taxa ou com a perda de parte dos juros.
Os CDs americanos são considerados investimentos de baixo risco, pois são emitidos por instituições financeiras regulamentadas pelo governo e possuem a proteção do FDIC. No entanto, a taxa de retorno geralmente é menor em comparação a outros investimentos de maior risco, como ações e fundos de investimento. É uma opção interessante para investidores que buscam um retorno mais previsível e desejam proteger o capital investido.
5) Bonds
Bonds, também conhecidos como títulos de dívida, são uma denominação genérica para títulos de renda fixa negociados no exterior. Estes títulos são um tipo de investimento de renda fixa em que um investidor empresta dinheiro para uma entidade, seja ela um governo, uma empresa ou uma instituição financeira, em troca de juros e, eventualmente, do pagamento do principal em uma data de vencimento específica.
Os bonds são negociados em mercados financeiros e podem ser emitidos em diferentes moedas, como dólar americano, euro e yen japonês, dependendo da entidade que está emitindo o título. Eles também têm diferentes prazos de vencimento, que podem variar de alguns meses a várias décadas.
Os bonds são classificados com base na qualidade de crédito da entidade emissora e nas condições específicas do título, como prazo de vencimento e taxa de juros. Os títulos com melhor qualidade de crédito geralmente oferecem taxas de juros mais baixas do que os títulos com classificação inferior. Por exemplo, títulos emitidos por governos são geralmente considerados mais seguros e, portanto, oferecem taxas de juros menores do que os títulos emitidos por empresas privadas.
Os investidores podem comprar bonds individualmente ou através de fundos mútuos, ETFs (Exchange Traded Funds) ou outros veículos de investimento. É importante lembrar que os bonds podem estar sujeitos a riscos, como risco de taxa de juros, risco de crédito e risco de mercado, e que os investidores devem considerar cuidadosamente esses riscos antes de investir em títulos de dívida.
6) Fundos de renda fixa
Os fundos de renda fixa no exterior são compostos por títulos de dívida emitidos por países estrangeiros, sejam eles governos ou empresas. Eles podem ser comparados aos fundos DI no Brasil, que têm como referência o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Esses fundos oferecem a possibilidade de diversificar a carteira de investimentos para além do mercado doméstico, incluindo títulos públicos de outros países, além de debêntures e outros títulos de dívida corporativa emitidos por empresas multinacionais.
É importante ressaltar que os fundos de renda fixa no exterior estão sujeitos a riscos cambiais e políticos, o que pode afetar o desempenho dos investimentos. Por isso, é fundamental avaliar cuidadosamente o perfil de risco do fundo e do gestor antes de investir, bem como buscar orientação especializada para tomar decisões de investimento mais informadas.
Você viu neste artigo os principais investimentos de renda fixa no exterior.
Espero que tenha gostado. Se ficou alguma dúvida deixe nos comentários.
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